Desde os primórdios da humanidade que o Homem desenha as suas memórias visuais.
Antes do fabrico do papel, muitos povos utilizaram formas curiosas de se expressarem através da escrita. Na Índia, usavam-se folhas de palmeiras, os esquimós utilizavam ossos de baleia e dentes de foca, na China os livros eram feitos com conchas e carapaças de tartaruga e posteriormente em bambu e seda. Entre outros povos era comum o uso da pedra, do barro e até mesmo da casca das árvores.
As matérias-primas mais famosas e próximas do papel foram o papiro e o pergaminho. O papiro foi inventado pelos egípcios e os exemplares mais antigos data de 3.500 a.C. Até hoje, as técnicas de preparação do papiro permanecem pouco claras, sabendo-se, apenas, que era preparado à base de tiras extraídas de uma planta abundante no Rio Nilo. O pergaminho era muito mais resistente do que o papiro, pois era produzido a partir de peles tratadas de animais, geralmente de ovelha, cabra ou vaca.
Os chineses foram os primeiros a fabricar papel com as características que o actual possui, isto nos últimos séculos antes de Cristo. Por volta do século VI a.C. sabe-se que os chineses começaram a produzir um papel de seda branco, próprio para a pintura e para a escrita.
Em 105 d.C., por ordem do imperador chinês Chien-ch'u, T'sai Lun produziu uma substância feita de fibras da casca da amoreira, restos de roupas e cânhamo, humedecendo e batendo a mistura até formar uma pasta. Usando uma peneira e secando esta pasta ao sol, a fina camada depositada transformava-se numa folha de papel. O princípio básico deste processo é o mesmo usado até hoje. Esta técnica foi mantida em segredo pelos chineses durante quase 600 anos.
Tudo parece indicar que a partir do ano 751, os árabes tomaram contacto com a produção deste novo material e começaram a instalar diversas fábricas de produção de papel. A partir daquele momento os conhecimentos da produção do papel expandiram-se ao longo da costa norte de África até a Península Ibérica.
Data de 1094 a primeira fábrica de papel em Xativa, Espanha. A partir daí, na Europa, começa-se a alastrar a arte de produzir papel. Curiosamente, a ideia de fazer papel a partir de fibras de madeira foi perdida algures neste percurso, pois o algodão e os trapos de linho foram transformados na principal matéria-prima utilizada.
O manuseamento da fabricação do papel através dos trapos era segundo Karl Marx: "...uma das espécies de trabalho mais suja e pior paga para a qual são escolhidas de preferência mulheres e raparigas... As trapeiras são o veículo de propagação de varíola e outras doenças infecciosas e elas próprias as suas primeiras vítimas".
Apenas em 1719, o francês Reamur sugeriu o uso da madeira, em vez dos trapos. Mas apenas em 1850 foi desenvolvida uma máquina para moer madeira e transformá-la em fibras. As fibras eram separadas e transformadas no que passou a ser conhecido como "pasta mecânica" de celulose. Em 1854 é descoberto na Inglaterra um processo de produção de pasta celulósica através de tratamento com produtos químicos, surgindo a primeira "pasta química".
A viragem dos trapos para a madeira foi um processo naturalmente lento e em Portugal ainda se fabricava papel de “trapos” nos anos 50 do século XX.
As primeiras espécies de árvores usadas na fabricação de papel em escala industrial foram o pinheiro, o abeto, o vidoeiro, a faia, o choupo preto e o eucalipto.
A pasta de celulose derivada do eucalipto surgiu pela primeira vez, em escala industrial, no início dos anos 60, e ainda era considerada uma "novidade" até a década de 70. Entretanto, de entre todas as espécies de árvores utilizadas no mundo para a produção de celulose, o eucalipto é a que tem o ciclo de crescimento mais rápido e por isso tornou-se a principal fonte de fibras para a produção do papel.
Graças à madeira, o papel foi convertido de um artigo de luxo, de alta qualidade e baixa produção, num bem produzido em grande escala, a preços acessíveis, mantendo uma elevada qualidade.